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Requienm
23 octobre 2004

Apenas sepultando num desabafo desses que se faz




Apenas sepultando num desabafo desses que se faz na certeza daquilo que já foi e não volta. Não é estranho ter medo? Não, não é. Se tem medo disso, daquilo e isso não te torna menos capaz. Eu tenho medo e continuo. Continuo porque o medo rejeita, mas eu não quero rejeitar. Quero aceitar. Quero seguir, quero ser, quero ver o que vai além do medo. Se eu fosse racional, nunca amaria ninguém porque ninguém neste vasto lugar consegue amar sem se machucar, sem um arranhão ao menos e nenhum ser humano quer se magoar, não é? É, é sim. Amar não deixa de ser um ato meio estúpido. Vc ama porque ama, por achar que ama, por suspeitar que ama; mas um amor só é grande até que venha outro, e outro e outro. Não, não é pessimismo. É um modo sincero de ver o que realmente é.

Existem alguns meios de conviver com o medo. Vc o afasta ou o enfrenta. Resolvi afastar. É uma estratégia interessante. Assim, vive-se sem medo e sem suposições, acusações ou o que quer que tenha sido. De certo modo, nem quero mais. Quero uma vidinha pacífica e sem a hipótese da pressão. Adaptabilidade. É a fórmula para viver bem. Desista aqui, aceite ali, resista mais a frente. Em função do outro se faz muitas coisas. Admiráveis até, nunca antes imaginadas ainda. Estou por aqui. É o que importa. Escrever fragmentos de idéias impúblicáveis, ver no espelho gestos de sentimentos inexpressáveis. Seguir para onde quer que isso te leve. Não se pode ser feliz, mas se pode perseguir o sorriso. É suficiente. O ideal é um conceito. Gestos cotidianos é que emolduram o que é táctil, palpável, possível. Eu não quero mais machucar ninguém. Mesmo as espadas perdem o fio com o tempo. Perdi o meu. Melhor. Sou agora uma ameaça cega e sem utilidade numa bainha. É como bater numa porta e sentar esperando um ruído de movimento de maçaneta. É como uma série de metáforas, conceitos, analogias que se perdem inconfessas. Não há necessidade em confessar. No máximo uma sensação de perda que tenta ser suplantada por um acúmulo de cinese sobre o teclado. Uma desesperança boba atravessada nas palavras. Não resta e, de certo modo, é confortante não restar.

Agora é construir algo. Qualquer coisa. Ser exceto ser. Não é mesmo para parecer racional. Se o fosse, porque eu estaria aqui? Se fosse para ser racional, não haveria o teor da suposição. O teor das coisas, das imagens, dos gestos, o teor da vida que se faz vida por não haver maiores opções. Tudo isso. Toda essa chantagem existencial que é viver vai se esvair uma hora ou outra num afago silencioso ou brutal. Não importa. Resta a imagem. E se ela não se for, pode-se olhar pela janela às vezes. Encenar que a vida está lá fora. Nos gestos comunicáveis, nas certezas dos homens, nas tardes de olá-como-vai. Eu peco por não estar lá fora, mas, quem sabe, eu abra a porta e, finalmente, não me deixe entrar. Quem sabe eu me aparte, quem sabe. Isolando o que somos vivemos melhor. Assim nos tornamos parte de uma coletividade. O individual nas gavetas. O outro sendo vestido, portado, exposto. Como numa caixinha de música. Não, a bailarina não dança. Apenas é levada num espaço controlado. Não há dança e a melodia é um embuste para o sacrifício da alma. Não, as bailarinas de caixas de música não possuem alma. Às vezes, nem eu gostaria de possuir uma.

As almas, sempre tão incomunicáveis. As almas, sempre fragmentos de certeza.As almas, sempre elas.

[dO.Ob] Dead Poetics -  Bliss Tearing Eyes
"Cause my heart is filled with loneliness.
And this world is filled with loneliness."

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Commentaires
M
Estou esperando um post de ti dizendo que me ama! Pára de falar de tristeza! Eu fiz foi me assustar com essa foto! Nam... Eu te adoro, eu te amo.
M
Discordo de tudo que li. Verdade absoluta só há uma: eu te amo.
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