5 septembre 2004
.::Cavalos Marinhos::.
Domingo é dia de reflexão? Talvez seja
dia de reflexos. Numa sala cheia de espelhos você pode ser vários.
Quando escrevo me sinto numa sala cheia de espelhos. Quando sinto,
quando divago, quando ando por mim. Há tantas possibilidades na alma.
Tantos modos diferentes de ver a mesma coisa, de ser a mesma coisa.
Pensava agora na minha irmã. Tempo sem ela. Às vezes eu me sinto sem
nenhuma raiz. Sometimes. Como se eu pudesse ser levado pelo vento.
Simplesmente levado. É o sentimento que guardo comigo hoje. Não deixa
de ser bom sentir-se assim. Essa liberdade caótica, randômica te
pedindo para dar mais um passo, te seduzindo para mais outro, te
empurrando para o próximo. Escrever é libertar. Quando eu era criança
eu gostava. Ainda gosto de escrever. Embora reconheça que tudo o que
escrevi até os dezenove tenha sido bobagem, tenha sido arremedo.
Talvez, tudo o que eu escreva até amanhã também o seja. Então, talvez
fosse bom que este texto não tivesse data e fosse um testamento futuro
da minha incompatibilidade com a escrita que eu julgo defender.
Me veio à cabeça a imagem de um cavalo marinho. Não sei bem o motivo. Ontem, eu olhava fotos em preto e branco e notei meu fascínio por fotos de janelas. Pseudofilosofias foram inevitáveis. Por que janelas? Talvez por essa aura reveladora e protetora. Da janela vemos o mundo sem nos envolvermos por mais de um olhar, por mais de um fresta. Talvez seja isso. Talvez eu não queira me envolver com o mundo por mais que um olhar. Faz sentido. Talvez eu queira aprisionar o mundo em minha arca. Não a arca de Pessoa. A minha arca. Os meus olhos. A minha mente. O meu pensar transpassado de eus que vão e vem. O meu Id deixando-se estar sobre tudo o que eu penso. Cavalos marinhos. A água é algo tão tolhedor. Cerceia, envolve, afoga, detém. Você já tentou correr na água? Eu gosto do vento, do ar, dessa tal liberdade que há muito não existe mas que, enfim, é tudo o que o homem persegue. É tudo o que eu persigo. Liberdade. Liberdade até mesmo para me aprisionar se eu assim o quiser. Eu me pergunto o que Schopenhauer diria sobre a liberdade.
Me veio à cabeça a imagem de um cavalo marinho. Não sei bem o motivo. Ontem, eu olhava fotos em preto e branco e notei meu fascínio por fotos de janelas. Pseudofilosofias foram inevitáveis. Por que janelas? Talvez por essa aura reveladora e protetora. Da janela vemos o mundo sem nos envolvermos por mais de um olhar, por mais de um fresta. Talvez seja isso. Talvez eu não queira me envolver com o mundo por mais que um olhar. Faz sentido. Talvez eu queira aprisionar o mundo em minha arca. Não a arca de Pessoa. A minha arca. Os meus olhos. A minha mente. O meu pensar transpassado de eus que vão e vem. O meu Id deixando-se estar sobre tudo o que eu penso. Cavalos marinhos. A água é algo tão tolhedor. Cerceia, envolve, afoga, detém. Você já tentou correr na água? Eu gosto do vento, do ar, dessa tal liberdade que há muito não existe mas que, enfim, é tudo o que o homem persegue. É tudo o que eu persigo. Liberdade. Liberdade até mesmo para me aprisionar se eu assim o quiser. Eu me pergunto o que Schopenhauer diria sobre a liberdade.
Cavalos marinhos
Tão selvagens tão sozinhos
Num aquário
Nem são marinhos
Não têm mar
Tem sozinhos
Olhos que aguardam o tal estar
Em ser de novo
Cavalos marinhos
Tão selvagens tão sozinhos
Num aquário
Nem são marinhos
Não têm mar
Tem sozinhos
Olhos que aguardam o tal estar
Em ser de novo
Cavalos marinhos
[dO.Ob] Rolling Stones - Wild Horses ( acoustic version )
"Faith has been broken tears must be cried,
Let's do some living after we die"
Let's do some living after we die"
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